EPM e Fundação Arcadas promovem curso sobre história do livro e bibliografia material
Curso é ministrado na EPM e na FDUSP.
Com a exposição “Breve história das edições do Corpus Iuris Civilis entre os séculos XV e XIX”, teve início ontem (24) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), o curso História do livro e bibliografia material: o impresso dos séculos XVI a XIX, promovido pela Escola Paulista da Magistratura (EPM) e pela Fundação Arcadas. A aula inaugural foi ministrada pelo professor Bernardo Bissoto Queiroz de Moraes, da FDUSP.
Na abertura, a desembargadora Luciana Almeida Prado Bresciani, coordenadora do curso e da área de Estudos em Memória e História da EPM, agradeceu a participação de todos e a parceria da Fundação Arcadas, enfatizando a satisfação pela realização do curso na Escola e na FDUSP. Ela lembrou que a EPM já realizou duas edições do Núcleo de Estudos em Memória e História e que as gravações dos encontros estão disponíveis no canal da Escola no YouTube.
O juiz Carlos Alexandre Böttcher, coordenador do curso e da área de Estudos em História e Memória da EPM, também agradeceu a cooperação, ressaltando a importância do curso para a capacitação de bibliotecários e servidores de biblioteca e enfatizando sua relevância para a preservação da memória das instituições e valorização do patrimônio bibliográfico.
O diretor da FDUSP, Celso Fernandes Campilongo, ressaltou a alegria pela realização do evento, lembrando que ele marca o início das comemorações do bicentenário da Biblioteca da Faculdade. Ele destacou os projetos de construção de uma nova biblioteca e de digitalização do acervo, frisando que ele abrange não apenas as principais obras do ensino jurídico no Brasil, mas também documentos históricos como os diplomas e as provas dos alunos da época da fundação da FDUSP.
Participou também da mesa de abertura a chefe técnica do Serviço de Biblioteca e Documentação da FDUSP, Maria Lúcia Beffa.
Bernardo Moraes explicou que o Corpus Juris Civilis é definido atualmente como uma compilação de quatro textos produzidos durante o reinado do imperador Justiniano (482-565): Institutas, direcionado aos estudantes; Digesto, composto de trechos de obras dos principais juristas romanos; Codex, que reúne as normas promulgadas por imperadores romanos até os primeiros anos do reinado de Justiniano; e as Novelas, normas promulgadas por Justiniano a partir de 534. Ele ressaltou que o Corpus Juris Civilis abrange todo o Direito da época de Justiniano, enfatizando que Corpus Juris corresponde ao Direito nacional e não ao Direito Civil atual. Esclareceu ainda que não existe apenas um Direito Romano: “o Corpus Iuris Civilis é o fio condutor da evolução do pensamento jurídico, ao menos dos séculos XV ao XIV, mas não é um texto rígido, pois permite interpretações que possibilitam a construção de ‘Direitos Romanos’ diversos ao longo do tempo”.
O professor destacou a importância do Digesto, de 533, lembrando que só resta um de seus manuscritos, a Littera Florentina, pertencente à Biblioteca da Florença (Itália). Na sequência, apresentou algumas edições raras, entre elas uma reprodução da Bíblia de Guttemberg de 1454, obra que representou o surgimento do livro como é conhecido hoje, uma das primeiras edições das Institutas, de 1516, e edições editadas pelo romanista francês Dionísio Godofredo em 1583, responsável pela expressão ‘Corpus Iuris Civilis’. “Falar sobre essas edições é falar sobre o texto que serviu de base para juristas, estudantes e aplicadores do Direito ao longo de séculos. Não se pode entender as obras clássicas do Direito sem saber o que estudavam seus autores e eles estudavam o Corpus Iuris Civilis”, frisou.
O curso prossegue até sexta-feira (28) com atividades teóricas e práticas sobre a relação da bibliografia material com a história do livro, principais características e diferenças do impresso dos séculos XVI ao XIX e outros conceitos da análise bibliográfica. As aulas são ministradas na EPM e na FDUSP pelo professor Fabiano Cataldo de Azevedo, da Universidade Federal da Bahia.
Comunicação Social TJSP – MA (texto) / MB (fotos)
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