TJSP recebe exposição “1 julgamento, 4 línguas: os pioneiros da interpretação simultânea em Nuremberg"

Mostra aberta ao público até 10 de abril.
 
O Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, abriu suas portas ontem (9) para receber a exposição “1 julgamento, 4 línguas: os pioneiros da interpretação simultânea em Nuremberg", que traz à tona as atrocidades cometidas pelo Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial e que foram reveladas à humanidade e julgadas pelo Tribunal Militar Internacional graças à primeira interpretação simultânea oficial realizada no mundo, durante o Julgamento de Nuremberg, na Alemanha.  A mostra, organizada pela Associação Internacional de Intérpretes de Conferencia no Brasil – Brasil (AIIC) e pela Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (APIC), pode ser visitada até 10 de abril, de segunda a sexta-feira, das 13 às 17 horas (Praça da Sé, s/nº, 2º andar, no Salão dos Passos Perdidos).
A exposição apresenta o trabalho fundamental dos profissionais que realizaram uma tarefa até então classificada como “impossível”: ouvir em um idioma e falar, ao mesmo tempo, em outro. Ao longo de dez meses, 36 intérpretes trabalharam atrás de cabines de vidro, com um sistema à época inovador de fones de ouvido, microfones e cabos, e traduziram simultaneamente interrogatórios e depoimentos em inglês, francês, russo e alemão – idiomas das quatro potências vencedoras e do país derrotado no conflito. “1 Julgamento, 4 Línguas” também examina os aspectos legais dos julgamentos e sua importância histórica no desenvolvimento do direito internacional. Já foi exibida em dez países, entre eles Alemanha, Suíça, França, Grécia, EUA e Itália. Com curadoria da intérprete alemã Elke Limberger-Katsumi, conta com textos, imagens, notícias, diários e cartas escritas pelos intérpretes. O material é apresentado em português e nos quatro idiomas falados pelos pioneiros de Nuremberg. 
 
Solenidade de Abertura
O desembargador Carlos Otávio Bandeira Lins, apoiador da exposição, congratulou a realização do projeto no TJSP. “Trata-se de um momento histórico único – o Tribunal Penal Internacional de Nuremberg – por uma ótica especial: a biografia dos intérpretes que, ali, serviram à Justiça por meio da nascente arte da tradução simultânea, que difere daquela pela qual se costuma discutir Nuremberg nos meios jurídicos; mas essa diferença não impediu que se escolhesse um Tribunal como sede da mostra, nem que o projeto recebesse imediata e inteira acolhida”, afirmou o magistrado.
O cônsul para Assuntos Culturais do Consulado Geral da Alemanha, Johannes Wahner, também prestigiou a cerimônia e saudou o trabalho dos tradutores e intérpretes. “A linguagem pode conectar pessoas e povos, assim como dividi-los. Os tradutores ajudam a superar o mundo da falta de palavras, a navegar em torno de mal entendidos e contribuir, assim, para o entendimento internacional”.
Em lembrança ao Dia Internacional da Mulher, Fernanda Mathias, presidente da AIIC Brasil, destacou a presença predominantemente feminina na história da interpretação simultânea e das comunicações internacionais. “Nossa profissão é milenar, permitindo a comunicação entre os povos desde sempre. Onde há comunicação entre pessoas de diferentes idiomas, há um intérprete atuando”, completou.
“Esta exposição, apresentada pela primeira vez há dez anos em Nuremberg, finalmente chegou a São Paulo – mais precisamente a esta belíssima sala do Tribunal de Justiça de São Paulo. O fato de estarmos aqui hoje, conhecendo a fundo um momento determinante do século 20 e, sobretudo, conhecendo as mulheres e os homens que fizeram esse momento acontecer, é resultado do trabalho árduo de muitas pessoas”, celebrou a presidente da APIC, Laura Mortara.
Último a discursar, o presidente do TJSP, desembargador Ricardo Mair Anafe, destacou ser uma honra para a Corte paulista sediar a mostra. “Trazer a exposição para o Palácio da Justiça é reconhecer a importância do julgamento de Nuremberg e do sistema da interpretação simultânea para o cumprimento do devido processo legal e impossibilitar as pessoas de esquecerem o que aconteceu”. Também prestigiaram o evento o procurador de justiça e presidente do Conselho Curador da Fundação Cásper Líbero, Carlos Francisco Bandeira Lins; o diretor-executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Ricardo Berkiensztat; o presidente do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), Cassio Scarpinella Bueno; o diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Celso Fernandes Campilongo; a coordenadora do Memorial do Holocausto, Ilana Iglicky; o chefe da Assessoria Policial Militar do TJSP, coronel PM Miguel Elias Dafarra; o tesoureiro da Associação Internacional de Intérpretes de Conferencia – Brasil (AIIC), Christiano Sanches; os integrantes da diretoria da APIC Paulo LIégio, Clary Khalifeh, Denise Lima, Larissa Benevides e Anna Lígia Pozzetti; autoridades civis e militares, intérpretes, tradutores e professores. O evento contou com interpretação simultânea para o inglês e Libras.
 
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