Judiciário paulista homenageia José Santana ao deixar a magistratura
Os rumos da vida se encarregam de aproximar as pessoas. Algumas se conhecem na infância, estudam juntas por longo período e depois, de um jeito ou de outro, vão para rumos diferentes, mesmo que tenham sentado nos mesmos bancos escolares e colocado as mãos (e o coração) e as esperanças nos diplomas no mesmo ano. Assim é o mais comum na trajetória de muitos estudantes de medicina, engenharia, jornalismo ou Direito. Desta vez, a vida e as conquistas diárias e inerentes à profissão escolhida - no caso a magistratura - colocaram nos postos mais altos da direção do Tribunal de Justiça dois grandes amigos desde os bancos escolares: os desembargadores José Santana (vice-presidente) e José Roberto Bedran (presidente). Eles compartilharam por 282 dias a direção do Poder Judiciário paulista. Se, lá nos idos de 1966, alguém tivesse previsto esse término de carreira para José Santana, certamente teria ouvido uma singela desculpa para mostrar que isso não seria provável. A trajetória de José Santana permitiu que assim o fosse e ele cativou a todos com quem conviveu no Poder Judiciário.
O vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Santana, foi homenageado hoje (30) em sua última sessão como integrante do Órgão Especial. A homenagem deveria acontecer na segunda metade da sessão, mas foi iniciada pelo desembargador Hamilton Elliot Akel, que, convocado, teve de sair antes do término da sessão.
José Renato Nalini ressaltou as qualidades de José Santana, afirmando que ele se trata de uma das figuras mais notáveis da composição do Órgão Especial. "Além de sua notória capacidade, José Santana mantém a humildade, uma verdadeira 'coroa', qualidade presente em alguns magistrados e, muitas vezes, esquecida por outros. Ele agora é obrigado a se ausentar, graças a uma lei anacrônica, elaborada pelos legisladores quando a média de idade dos brasileiros era bem inferior a atual", disse o desembargador.
O desembargador Luiz Carlos Ribeiro dos Santos se lembrou da época em que, como presidente do antigo Tribunal de Alçada Criminal, pôde atestar os grandes serviços prestados pelo atual vice-presidente do TJSP. “Vossa Excelência sempre agiu como um juiz, um juiz de proa. Quis o destino que o senhor deixasse a magistratura no importante cargo que hoje ocupa”, completou.
Antonio Carlos Malheiros falou de sua tristeza com a data. "José Santana vai fazer muita falta como um homem honrado, preocupado em fazer justiça. Se o senhor não aparecer por aqui, eu vou atrás”, brincou o magistrado. O desembargador José Reynaldo Peixoto de Souza se lembrou de quando chegou ao Órgão Especial e se sentou ao lado de José Santana, por quem foi acolhido com toda a sua calma e serenidade.
O procurador de Justiça Gilberto de Angelis disse que “somos privilegiados por atuar durante quatro anos ao lado de um magistrado como Vossa Excelência, de personalidade marcada pela simplicidade e honradez com que exerceu a missão de julgar. Desejamos dias felizes ao lado de sua família e amigos”.
O presidente José Roberto Bedran falou que mais de 50 anos de amizade entre eles. "Quis o destino que pudesse exercer o cargo de direção a seu lado nesses nove meses, período em que, muitas vezes, sua presença foi um norte na tomada de decisões durante as reuniões do Conselho Superior da Magistratura".
José Santana, com a peculiar simplicidade, disse esperar que a despedida fosse dolorosa depois de 41 anos de dedicação ao Judiciário. "Por isso, faltando dois dias para completar 70 anos decidi me afastar. Deixo a toga com a sensação de fazer o que prometi ao assumir o posto, nos idos anos de 1970."
Carta de despedida do desembargador.
Trajetória - José Santana nasceu em Álvares Florence, interior de São Paulo. É bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), turma de 1966. Ingressou na magistratura em 1969 e atuou em Pederneiras, Poá e Mogi das Cruzes. É desembargador do Tribunal de Justiça desde 1996. Em 3 de março passado foi eleito vice-presidente do Tribunal de Justiça.
Comunicação Social TJSP – RP e RS (texto) / AC (fotos)
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