Diálogo busca aproximação entre imprensa e Judiciário

        A Coordenadoria do Gade 9 de Julho (prédio que abriga os gabinetes dos desembargadores da Seção de Direito Privado), juntamente com a Comissão de Imprensa e Comunicação (CIC) do Tribunal de Justiça de São Paulo e a Rede Globo de Televisão promoveram, na tarde desta segunda-feira (21) um encontro entre desembargadores e os jornalistas César Tralli e William Waack.
        Na reunião, aberta pelo presidente da CIC, desembargador Carlos Teixeira Leite Filho, que falou sobre os objetivos a serem alcançados com a realização no encontro, a meta principal foi a aproximação do Judiciário e dos órgãos de imprensa na discussão de temas como conteúdo, credibilidade, velocidade, enfim, diferenças e semelhanças entre os meios de comunicação e o Poder Judiciário.  
        César Tralli, apresentador do SPTV 1ª edição, discorreu sobre o “O direito de informação e sua importância para legitimação do Estado democrático: a importância da imprensa na evolução do Estado e da sociedade com uma abordagem na legitimidade do jornalismo investigativo”.  Para ilustrar o assunto, lembrou do recente assassinato da juíza carioca Patrícia Acioli, executada quando chegava a sua casa, em agosto deste ano. “Como pode uma sociedade aspirar à Justiça se quem tem o dever de promovê-la se sente acuado? Quando um juiz sofre ameaça, é uma tentativa de amordaçar a Justiça, fato que não interessa ao cidadão de bem. O mesmo ocorre com a imprensa. Entendo que não se constrói uma nação digna sem uma imprensa livre.”
        Tralli fez questão de distinguir o trabalho da imprensa sensacionalista daquele que é exercido nas empresas sérias. No seu cotidiano, há uma grande preocupação entre os jornalistas em consultar o departamento jurídico da emissora antes da veiculação de qualquer matéria. Outro item constante nas falas de jornalistas é a manutenção do sigilo da fonte. “É extremamente importante a proteção da identidade da fonte. Se alguém me mandar revelá-la, prefiro ser torturado”, ponderou.
        Como o diálogo não tinha formalidade, fato usual entre os profissionais de comunicação, ao encerrar sua participação Tralli disse aos integrantes do Poder Judiciário que eles devem "abrir as portas da Justiça". "Deem mais oportunidades à imprensa para entender o cotidiano do Judiciário. Afinal, não estamos todos no mesmo barco?”
        Segundo o desembargador Carlos Eduardo Cauduro Padin, coordenador do Gade 9 Julho, a busca pela verdade dos fatos antes da veiculação da notícia é fator de extrema importância para o bom jornalismo. “Fico satisfeito que haja uma preocupação em se analisar a veracidade dos fatos antes de divulgar a notícia. Sabemos que a informação é útil, mas os veículos de comunicação têm sua linha editorial e, isso pode, muitas vezes, prejudicar a notícia.” 
        Já William Waack, que apresenta o Jornal da Globo, falou sobre “A proteção das obras jornalísticas na internet: a questão dos agregadores de notícias X Declaração de Hamburgo”. Para o jornalista, todo veículo de comunicação deve vender credibilidade. “É isso que a Globo faz, afinal, somos a voz de que não tem voz. A internet produz muito conteúdo falso. Quando as pessoas querem saber se um fato é verdade, são os nossos telejornais que elas assistem.”
        Waack enfatizou ainda o fato de que a internet, atualmente, produz muita informação falsa, na ânsia de dar um furo de reportagem. E esse tipo de atitude, para ele, arruína a credibilidade de qualquer veículo de comunicação. “Fala-se em revolução da informação, que nada mais é do que a rapidez com que as notícias correm. Isso nada tem a ver com credibilidade. Muito pelo contrário. Essa situação é extremamente perigosa. Por esse motivo, produzir conteúdo com credibilidade é o nosso grande desafio.”
        Segundo o jornalista – que disse fazer parte da geração que viveu no mundo sem internet –, o mundo atual não é tão diferente de antigamente. “Ainda hoje, os novos repórteres recebem as mesmas orientações: respeito ao outro é fundamental, compromisso com o público é fundamental. Afinal, você vive da sua credibilidade.”
        O encontro foi encerrado com um debate entre os cerca de 70 magistrados presentes e os jornalistas, que esclareceram dúvidas e discutiram a relação desses dois mundos, que vivem juntos, quase não se conhecem, têm linguajar totalmente diferente, mas que estão – ambos – preocupados em levar aos cidadãos informações corretas e distribuição de Justiça.   
        
        Comunicação Social TJSP – AM (texto) / DS (fotos)
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