Barra Funda sedia oficina sobre Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
O Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi) realizou hoje (30) uma oficina sobre o tema Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Voltado a parceiros de rede, estudantes e profissionais, o evento teve como palestrante o professor de Psicologia Jurídica da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Programa de Ações Integradas e Referenciais (PAIR-SP), Marcelo Moreira Neumann.
Na abertura da oficina, o coordenador do Cravi, Shigueo Kuwahara, comentou que a entidade passou a trabalhar com esse tema a partir de 2007. “Ampliamos o recorte do atendimento do Cravi, aprimorando sua metodologia e suas parcerias. A Unidade Barra Funda foi transferida aqui para a Unidade Fórum, que hoje concentra todo o atendimento, incluindo os casos de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes”, disse.
Em seguida, ao iniciar sua palestra, o professor Neumann destacou que a agressão sexual contra crianças e adolescentes é muito comum em São Paulo nos dias atuais. Citando autores como Theodor Adorno, Sigmund Freud e Jean-Jacques Rousseau, explicou que a violência tem várias raízes: “A repressão existente na sociedade faz com que o indivíduo não se sinta livre estando inserido nela. Nesse conceito, a liberdade sexual não existe, é mera aparência. Há uma repressão sobre a estrutura psíquica das pessoas que é a base da violência. Muitos indivíduos são sensíveis e resistentes às normas sociais e se rebelam contra a sociedade, muitas vezes de maneira irracional, ocasionando comportamentos violentos”.
Segundo Neumann, ao abordar as agressões no âmbito doméstico, “a violência de um pai de família contra um filho ou a mulher é a projeção de sua própria fragilidade, na tentativa de eliminar aquilo que lhe incomoda, para não ter que lidar com suas questões. Quem vive em um ambiente hostil tende a tornar-se gradativamente irracional, abrupto e violento. Por outro lado, quanto mais uma pessoa tem a noção do que é certo e do que é errado, menos ela será propensa a ter atitudes agressivas em relação ao outro”.
Para ele, “como a sexualidade no Brasil é um tabu, o grande desafio de quem atua nessa área é ensinar as pessoas a lidar com a questão da violência e do abuso sexual”.
Ao final de sua apresentação, o palestrante promoveu um breve debate com a plateia presente.
Assessoria de Imprensa TJSP – AS (texto) / foto AC (divulgação)
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