Jornalistas falam sobre importância de uma linguagem clara e objetiva
O Tribunal de Justiça de São Paulo realizou, nesta terça-feira (28), o workshop Linguagem clara e objetiva em todas as publicações, que atende ao disposto no Objetivo 16 do Planejamento Estratégico do TJSP, em atenção à Resolução 505/09 (Órgão Especial) e ao Comunicado 168/11 (TJSP). O evento, uma iniciativa da Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo e da Comissão de Imprensa e Comunicação (CIC), foi realizado no auditório do prédio que abriga os gabinetes dos desembargadores da Seção de Direito Público - Gade MMDC.
Os palestrantes convidados foram os jornalistas Maurício Cardoso Ribeiro, diretor executivo do site Consultor Jurídico (Conjur) e Augusto Nunes, colunista da revista Veja e entrevistador do programa Roda Viva, da TV Cultura. Eles falaram sobre os temas Diferenças e particularidades da linguagem da mídia, iniciativa privada e instituições públicas e O perigo da linguagem culta no direcionamento da informação: clareza, transparência e entendimento.
Ao abrir os trabalhos, o presidente do TJSP, desembargador José Roberto Bedran, lembrou do esforço da CIC para a realização do workshop. “A presidência do TJSP tem a honra e o orgulho de dar por aberto este workshop e agradece, desde logo, o trabalho da Comissão de Imprensa e Comunicação, integrada pelos desembargadores Carlos Teixeira Leite Filho, Décio de Moura Notarangeli e Marco Antonio Marques da Silva. Agradeço, também o desembargador Ricardo Mair Anafe, coordenador deste prédio e responsável pela organização do evento. Desejo a todos muito sucesso neste empreendimento.”
O desembargador Décio Notarangeli ressaltou a importância do debate para uma melhor comunicação entre o Poder Judiciário e a população. Segundo ele, “o TJSP elegeu como um de seus objetivos a mudança de comunicação e criar mecanismos que permitem uma melhor interação entre o Tribunal e a população. É necessário que tenhamos consciência da importância da temática que será discutida aqui hoje”.
Maurício Cardoso Ribeiro, primeiro palestrante do dia, falou aos presentes sobre as diferenças entre os textos jornalísticos e jurídicos. De acordo com o jornalista, as linguagens utilizadas são diferentes, mas o objetivo, em ambos os casos, é informar da melhor maneira possível. “No jornalismo, o profissional deve escrever de modo a prender a atenção do leitor. Por isso, a linguagem utilizada está muito mais próxima da forma coloquial do que a linguagem oficial, que usa termos técnicos para uma melhor compreensão daquilo que se quer passar.” Para Maurício Cardoso, “a regra número um de qualquer língua é a simplicidade, pois sua grande virtude está na economia das palavras utilizadas. É preciso ter o domínio das técnicas de linguagem”, concluiu.
Augusto Nunes falou sobre a necessidade de um diálogo mais frequente entre jornalistas e integrantes do Poder Judiciário. Segundo ele, a linguagem utilizada pelos magistrados restringe a compreensão dos textos a um pequeno grupo, e, muitas vezes, dificulta seu entendimento para grande parte da população. “Sou um defensor da norma culta, mas não podemos utilizá-la com exageros. O texto pode ser simples e elegante; o que não pode é escrever textos inteiros sem que se compreenda aquilo que se quer dizer.”
Para o jornalista, na atualidade, muitos profissionais da imprensa escrita não possuem as técnicas necessárias para uma boa redação. “O texto jornalístico é tosco. Há jornalistas brasileiros não sabem escrever em razão da má qualidade do ensino médio, pois os estudantes saem de escolas ruins e fazem faculdades fracas. Devemos nos policiar um pouco para que o Brasil aprenda a tratar bem a língua portuguesa”, completou.
Ele falou, ainda, sobre a necessidade de um Judiciário independente dos outros poderes para a melhoria da prestação jurisdicional. “Há excessiva interferência do Legislativo e do Executivo no Poder Judiciário. Acho que os juízes devem falar isso aos jornalistas, pois há problemas que estão fora dos autos e devem ser tratados. O Poder Judiciário deve ser tratado com mais respeito pelos outros poderes”, finalizou.
Após as palestras, o desembargador Décio Notarangeli mediou o ciclo de debates, em que os jornalistas Mauricio Cardoso e Augusto Nunes responderam a perguntas formuladas pelo público. A procura pelo workshop foi tão grande que a CIC conseguiu o apoio da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) para a transmissão em tempo real por meio do site da Associação. Para o segundo semestre, a CIC pretende realizar novo workshop para a continuidade das discussões.
Dirigido às primeira e segunda instâncias, o workshop lotou os 420 lugares do auditório do MMDC. Além do presidente do TJSP, estiveram presentes os desembargadores Luis Antonio Ganzerla, presidente da Seção de Direito Público do TJSP; Carlos Teixeira Leite Filho, presidente da Comissão de Imprensa e Comunicação do TJSP; Ricardo Mair Anafe, coordenador do prédio MMDC; Armando Sérgio Prado de Toledo, diretor da Escola Paulista da Magistratura, desembargadores, magistrados, assistentes jurídicos, diretores de cartórios e servidores.
Assessoria de Imprensa TJSP – AM (texto) / DS (fotos)
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