Garantia a crianças e adolescentes usuários de drogas são discutidos na EPM

        Nesta quinta-feira (14), foi realizado, na Escola Paulista da Magistratura (EPM), o seminário A garantia de direitos e o atendimento a crianças e adolescentes usuários de drogas, promovido pela EPM, em conjunto com a Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (CIJ/TJSP). 
        O evento, oferecido nas modalidades presencial e a distância, foi presidido pelo juiz Iasin Issa Ahmed, integrante da coordenadoria, e teve a participação de magistrados, promotores de Justiça, defensores públicos e outros profissionais que atuam na área da Infância e Juventude na capital e no interior do Estado.
        Na palestra inicial, a psiquiatra infantil Sonia Maria Motta Palma falou sobre as formas de atendimento a crianças e adolescentes usuários de drogas. Ela explicou a atuação dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD e Infantil), unidades de saúde regionais extra-hospitalares, abertas e comunitárias, que oferecem atendimento multidisciplinar e visam a reintegrar o paciente ao convívio familiar e social.  Sonia Palma destacou a importância da elaboração de um 'projeto de vida'. "Tratar a criança usuária vai muito além dos CAPS, porque é preciso ir aos parques, clubes e eventos, ajudando-a a encontrar prazer de outras formas que não a droga."
        A coordenadora de saúde mental, álcool e drogas da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Rosangela Elias, discorreu sobre a atuação em rede. Ela salientou a necessidade do respeito às diferenças intersetoriais e da articulação e corresponsabilização das instituições que participam da rede (saúde, educação, assistência social), para que possam atuar em conjunto. "Precisamos de portas e de espaços de conversa franca para que possamos definir em qual espaço faremos a reinserção da criança atendida", ressaltou.
        No encerramento, a psicóloga Tereza Cristina Endo abordou o tema “Redução de danos”, estratégia de saúde pública que busca reduzir os danos causados pelo abuso de drogas lícitas e ilícitas, que tem, entre suas características, a não preconização imediata da abstinência e a busca de um papel autorregulador do usuário, inserindo-se no conceito de “clínica ampliada”. “Redução de danos não quer dizer deixar de olhar a gravidade do problema, mas não restringir o olhar a uma patologia, grupo de risco ou dependente usuário”, explicou, apontando a importância de se ver a droga como um sintoma e de se investir na prevenção e buscar o envolvimento da comunidade.
        O juiz Iasin Issa Ahmed salientou, também, a importância da responsabilização compartilhada e da mudança de comportamento, frisando que é possível reescrever o pacto social a partir dos trabalhadores da área da infância e da adolescência. “Temos que deixar a questão política de lado e priorizar, acima de tudo, a questão humana. Olhando o ser humano e, em nome do princípio da dignidade, que ele merece ter, temos que mudar nossa postura de achar que a responsabilidade é do outro, para que possamos ‘alinhavar a rede’ ou  ‘fechar os buracos da malha’”, concluiu.

        Assessoria de Imprensa TJSP – MA (texto e fotos)
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