InspirAÇÕES: servidora se dedica à acessibilidade e inclusão dentro e fora do TJSP
Assistente judiciária publicou livro sobre o tema.
Cristina Rovai é assistente judiciária da 27ª Vara Criminal da Capital. Desde 2019, quando descobriu que sua filha nasceria com deficiência física, passou a se dedicar à causa dentro e fora do trabalho. No ano passado, ingressou na Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão do TJSP, proferiu diversas palestras e publicou seu primeiro livro, que retrata a história de uma menina com agenesia de braço – ausência de parte do membro –, mesma deficiência de sua filha.
A trajetória da servidora no Judiciário paulista começou há 11 anos. Também trabalhou nas varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Foro Regional do Butantã e da Infância e da Juventude do Foro Regional de Santo Amaro. “Atuar com esses temas ampliou o meu olhar e me fez romper várias bolhas. Tive contato direto com mulheres vítimas de violência doméstica, crianças em acolhimento institucional e famílias em situação de vulnerabilidade. Tudo isso me fez entender meu lugar de privilégio no mundo”, relatou.
Esse foi apenas o primeiro passo para que surgisse também o interessasse por estudar assuntos relacionados à acessibilidade, que se solidificou, de fato, no início da gestação. “Queria criar minha filha de forma livre e respeitosa desde o seu primeiro dia de vida”, conta a assistente, destacando que enfrentar o capacitismo era importante para orientar a pequena Maria Clara, de quatro anos, no seu processo de autoconfiança. Para isso, buscou informações e conversou com especialistas, familiares e pessoas com deficiência até que, em 2024, concluiu a pós-graduação em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão.
No TJSP, encontrou uma forma de contribuir com o tema. Além de ingressar na Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão, palestrou nas duas últimas edições da Semana da Acessibilidade e em evento promovido pela Diretoria de Apoio aos Servidores (Daps). “Vejo que a barreira atitudinal é a que mais constrange e impede a superação das demais, porque dependemos da atitude positiva de cada pessoa para vencer o capacitismo. O desafio é, apesar dessas dificuldades, educar nossas crianças de forma inclusiva, ensinando, desde cedo, que todos somos diferentes.” Nos últimos anos, também palestrou em instituições de ensino e na iniciativa privada.
Toda essa bagagem contribuiu para a publicação do livro “A menina que andava descalça”, que busca naturalizar a deficiência. A personagem principal, uma garotinha com agenesia de braço, é retratada como uma criança com diversas características, mas o destaque, ao invés da deficiência, fica para o fato de não usar sapato. “A pessoa com deficiência é muito mais do que sua diferença, ela deve ser vista por inteiro. Por isso, elaborei essa história que fala sobre respeito e aceitação, mas sem falar diretamente sobre o braço esquerdo”, explica a autora, ressaltando que a obra tem o objetivo de contribuir para o repertório de crianças e adultos com e sem deficiência e auxiliar educadores a abordarem o assunto de forma lúdica e natural. “A convivência é a melhor forma de inclusão. As crianças são sementes que gerarão os frutos do futuro e nós temos o poder de mudar a próxima geração de adultos com a nossa mudança”, disse.
Neste ano, Cristina pretende iniciar uma nova especialização, voltada aos Direitos Humanos, e prosseguir com os cursos livres sobre acessibilidade e inclusão.
Comunicação Social TJSP – BC (texto) / Divulgação (foto) / LF (arte)
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