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Na primavera... Uma homenagem a quem ilumina o Judiciário paulista

        É primavera! A estação conhecida por nos trazer as flores chega para expulsar o inverno. O período é marcado por belas paisagens da natureza com larga diversidade de flores. Por que não falar que o fenômeno denominado movimento de translação – responsável pelas estações do ano – contribuiu para o nascimento, em 1926, de um botão em canteiro situado em São Paulo e que se tornaria um dos maiores ícones do Tribunal de Justiça de São Paulo? A primavera nos trouxe Paulo Lebeis Bomfim, que se transformou no poeta Paulo Bomfim, o príncipe dos poetas brasileiros.

        Nessa estação primaveril, esse jardim recebeu, ontem (30), o desabrochar da 87º ano do mosaico uma vida, com cerca de 70 anos vividos em torno do TJSP. Desde pequeno Paulo Bomfim frequentava as “terras judiciárias”. Ele veio para abrilhantar o Judiciário, tirando um pouco do conservadorismo encravado nas leis. Fez os campos mais floridos, tornou a temperatura agradável com a mistura da poesia à sensibilidade da Justiça.

        Paulo Bomfim sempre foi grande colaborador do Judiciário. Agrega a suavidade e a pertinência de suas obras ao duro trabalho de magistrados e servidores como assessor especial da Presidência. Espalha simpatia e carinho por onde passa.

        Se você já ouviu a expressão “história ambulante”, aqui ela existe e se chama Paulo Bomfim. Ele é testemunha de muitos períodos e transformações da sociedade paulistana e brasileira. É muito comum os visitantes do Palácio da Justiça ficarem boquiabertos com suas recordações, inclusive muitas delas referenciam antepassados dos próprios visitantes, seja da Capital ou Interior. Ele fala com propriedade das ruas e personagens paulistanos, de diversos rincões deste Brasil afora e da Itália, da Espanha, da Alemanha, enfim... de tudo. O filho de Simeão dos Santos Bomfim e Maria de Lourdes Lebeis tem uma memória infalível e invejável.

        Sua mãe era artista, tocava violão como ninguém e ele a considera uma mulher muito inteligente. Seu pai se formou médico, em 1918, na primeira turma da Faculdade de Medicina de São Paulo. Homem que sabia falar grego, latim e conhecia muito mais poesia que o próprio Paulo Bomfim, segundo suas palavras. Para o poeta, a sensibilidade foi herdada da mãe e a determinação do pai, tem também um pouco a alegria de viver da mãe e um pouco do tom solitário do pai.

        Paulo Bomfim foi casado com Emy, sua companheira por décadas, partiu há poucos anos. Ao falar da esposa, ele conta que, certa vez, deixou no travesseiro da amada: “longe de ti eu me sinto ave sem pouso e sem lar; longe de ti sou apenas a praia longe do mar”. Qual mulher não gostaria de conviver com esse poeta. Emy deve ter adorado!

 

        Mundo literário – Ainda menino já frequentava a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Em 1936 começou a escrever para um jornal, que existe até hoje, chamado ‘Voz da Infância’, no qual o garoto Paulo publicava poemas e crônicas. Conviveu com Monteiro Lobato e outros grandes escritores infanto-juvenis da época. Ainda hoje, Paulo Bomfim vive intensamente a poesia e deixa a história de sua vida como incentivo à leitura e à escrita.

        Em 1945, Anita Mafatti pintou “O retrato”, obra que retrata o jovem poeta Paulo Bomfim. Seu primeiro livro foi “Antônio Triste”, em 1947, com prefácio de Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral. Em sua apresentação, Guilherme de Almeida saudou o jovem estreante como “o novo poeta mais profundamente significativo da nova cidade de São Paulo”. A obra foi premiada, em 1948, pela Academia Brasileira de Letras com o “Prêmio Olavo Bilac”, na comissão julgadora Manuel Bandeira, Olegário Mariano e Luiz Edmundo. Dá para imaginar? Guilherme de Almeida tinha razão: o jovem não pararia. De lá para cá foram publicados outros 34 livros para colorir a vida de muitas pessoas.

 

        Poder Judiciário – Começou no Poder Judiciário com o juiz de menor Aldo de Assis Dias onde trabalhou organizando técnicas do Juizado, amigo da desembargadora Luzia Galvão Lopes da Silva, primeira magistrada a se tornar desembargadora no TJSP, em 1997. Paulo Bomfim fala com muito amor que são tantas pessoas maravilhosas que conheceu círculo judiciário, tanta saudade do convívio de várias gerações do TJSP que fica difícil nominar. Ele conta sobre criaturas notáveis que pelo Tribunal passaram. Muitas delas se tornaram ministros dos Tribunais Superiores e foram homenageadas com salas e prédios que levam seu nome.

        Foi na geração do seu tio Theodoro Dias, casado com Cecília, irmã de sua mãe, que Paulo Bomfim, ainda jovem, começou a ter contato maior com o Judiciário. Seu tio foi o único advogado até hoje a chegar à Presidência do TJSP. O poeta diz de boca cheia que é rodeado de amigos no Tribunal. “O TJSP faz parte da minha família espiritual. Um prolongamento minha família. Ir ao Tribunal é ver minha gente, desembargadores, magistrados e funcionários.”

        Se alguém disser que Paulo Bomfim tem muitas histórias para contar sobre o Judiciário paulista isso pode ser até uma ofensa. Na verdade, tem e terá infinitos livros para rememorar as passagens vividas na Corte.  Ele é o único homenageado no TJSP que, em vida, recebeu uma sala com o seu nome. Inaugurado em 2009, o “Espaço Cultural Poeta Paulo Bomfim” abriga o seu acervo pessoal (medalhas, livros, honrarias e cópia do quadro de Anita Malfatti). Há, ainda, peças, utensílios e uniformes que pertenceram aos combatentes da Revolução Constitucionalista de 32.

        Paulo Bomfim é assim: sempre com bom humor e pronto para cumprimentar a todos, seja o funcionário da mais simples profissão ou os integrantes da cúpula do Tribunal. A todos distribui o mesmo olhar, o mesmo carinho e os mesmos ensinamentos.

 

        Carreira – Como jornalista profissional iniciou suas atividades em 1945, no Correio Paulistano e depois foi para o Diário Associados, a convite de Assis Chateaubriand. Redigiu durante uma década “Luz e Sombra” e “Notas Paulistas” para o “Diário de Notícias” do Rio. Na TV Tupi foi apresentador de telejornal por dez anos. Foi diretor de Relações Públicas da “Fundação Cásper Líbero” e fundador, com Clóvis Graciano, da Galeria Atrium. Homem de TV, produziu “Universidade na TV” juntamente com Heraldo Barbuy e Oswald de Andrade Filho, no Canal 2, “Crônica da Cidade” e “Mappin Movietone”, no Canal 4. Apresentou na Rádio Gazeta, “Hora do Livro” e “Gazeta é Notícia”.

        No início da década de 70, foi convidado pelo então governador Laudo Natel para dirigir o Conselho Estadual de Cultura até receber o convite do presidente do TJSP, José Carlos Ferreira de Oliveira, para ingressar na instituição.  Desde então, Paulo Bomfim está por aqui.

        Parabéns poeta pelas suas 87 primaveras!

 

        Projeto Jus_Social – Este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro minuto do primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que – de alguma forma – realizam atividades que se destacam entre os servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que o diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados. Com o projeto “Jus_Social”, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing).

 

        Comunicação Social TJSP – LV (texto) / AC (foto)
        imprensatj@tjsp.jus.br


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