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José Timóteo Zago fala de seu amor da adolescência

        Quantas vezes ouvimos falar da descoberta do amor na adolescência. Muitas pessoas já passaram por essa fase e têm uma bela recordação daquela época, de amor intenso e forte, e a promessa de ser eterno. Aquele amor que mexe com a alma de cada ser e que fica marcado na história de cada um.

        Imaginem só agora um amor como esse, que vem desde a adolescência e deu certo, uma união duradoura que perdura por mais de meio século. Uma história de respeito, de comprometimento, de carinho e muita fidelidade... 55 anos na mesma caminhada! Vamos conhecer um pouco dessa história de amor?

        Viajando pela imensidão do Tribunal de Justiça de São Paulo, encontramos a cerca de 600 quilômetros da capital, o fórum de Presidente Prudente e, nele, o servidor José Timóteo Zago que daqui a 10 dias colherá a 68ª rosa do seu jardim.

        O diferencial do caso é que durante 55 anos de sua vida, Zago acorda pelas manhãs dos cinco dias úteis da semana e vai trabalhar no mesmo local, no Cartório de Distribuição Judicial. Um amor iniciado na adolescência quando Zago era apenas um menino de 13 anos.

        Durante esses 55 anos de atividade forense muitas coisas aconteceram. O menino tornou-se adulto, conheceu Aparecida de Lourdes Zago, quando ela trabalhava no cartório eleitoral que funcionava dentro do fórum. Eles se casaram e tiveram um casal de filhos (José Thiago e Joyce Thatiane) e um casal de netos (Luiza e Eduardo). Ele também tem um filho do primeiro casamento (Márcio Ricardo).

        No decorrer de tantos anos o fórum já se modernizou, as máquinas de datilografia cederam espaço aos computadores, a informatização e a tecnologia chegaram. O setor recebeu nova denominação, mas José Zago continuou no mesmo local, interagindo com as mudanças. Atualmente, a somatória desses 55 anos assegura que 80% de sua vida está dedicada a atender os interesses do jurisdicionado prudentino.

        Trajetória - 
José Timóteo Zago nasceu na região de Catanduva, em Tabapuã, aos 10 de agosto de 1944 e três anos depois foi morar em Presidente Prudente. Ele é o sétimo numa lista de nove filhos, sete homens e duas mulheres. Uma grande família italiana!

        Seu amor pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo teve início em maio de 1957 quando o Fórum de Prudente ganhou um menino para trabalhar no Cartório do Distribuidor, como zelador e faxineiro. “Na ocasião, o titular do cartório era o senhor Lyrio do Prado, sendo o oficial maior o senhor Waldemar Nascimento”, lembra.

        Passou a sua adolescência zelando pela limpeza do cartório distribuidor, setor responsável pela entrada dos processos, redistribuição, protocolo de petições, entre outras atividades. Aos 16 anos foi promovido a auxiliar do mesmo cartório e, em 1963, com agora 18 anos e emancipado, foi nomeado escrevente autorizado, após prova realizada e presidida pelo magistrado Aniceto Lopes Aliende.

        Em 1971, por indicação do juiz Adalberto Denser de Sá, da 1ª Vara daquela comarca, assumiu cumulativamente o cargo de escrivão eleitoral da 101ª Zona Eleitoral, permanecendo até o ano de 2004, ou seja, por 33 anos.

        Recordações - 
José Zago conta 'causos' que presenciou neste meio século de TJSP, como um acontecido na década de 50 e que é impossível esquecer. Naquele período a comunicação era muito difícil, muito falha e não tinha como confirmar nada. Eles receberam um telegrama da cidade de Santos que anunciava a morte de um serventuário - titular de um cartório de notas de Presidente Prudente - que tinha residência no litoral paulista. O fórum fechou e todos foram à catedral orar pelo falecido, até missa de 7º dia foi rezada em intenção a sua alma. Passados alguns dias o defunto apareceu na comarca, ressuscitado, são e salvo, 'vivinho da silva'. Por razões que todos desconhecem, o 'defunto' pregou essa peça e todos caíram!

        Outra passagem inesquecível ocorreu na década de 60. Um oficial de Justiça recebeu do cartório um mandado para ser cumprido para intimar uma pessoa – ele próprio. “Pois bem, em vez de devolver o mandado informando seu impedimento para aquele caso, não, ele preferiu cumpri-lo e ainda margear as custa de condução. Incrível não!”

        Teve outro caso, também sobre um oficial de Justiça, que Zago acredita ter ocorrido na década de 50 ou 60 (ele não se recorda da época precisa), mas o acontecido é inesquecível. O oficial de Justiça, no cumprimento de um mandado, ouviu da parte intimada “impropérios injuriosos contra a pessoa do magistrado. Em sua certidão, no verso do mandado, descreveu todos os insultos manifestados pela parte contra o juiz, encerrando a certidão da seguinte forma: ‘TODO O REFERIDO É VERDADE E DOU FÉ’, relata Zago.

        Tem mais. O telefone ainda era novidade e um certo oficial de Justiça recebeu a determinação que era para penhorar a linha telefônica de uma determinada pessoa... e foi cumprir. Ele voltou ao fórum com a sensação de dever cumprido, com o aparelho telefônico debaixo do braço, dizendo que havia feito a penhora. No entanto, ao invés de fazer os procedimentos necessários à penhora da linha, o oficial foi até o local, cortou os fios e trouxe o aparelho para o depósito, acreditando realmente que tinha cumprido seu mandado judicial. 

        Amigos - Zago se lembra com carinho dos muitos amigos que compartilharam momentos diários de trabalho forense, como Antonio Aparecido Ferreira o “Toninho”, que o trouxe para o trabalho no fórum, ainda menino. “Considero-o como um padrinho, afinal foi com a sua ajuda que tive a oportunidade de chegar até o presente.”

        José Timóteo Zago deixa aqui sua declaração de amor de adolescente, amor que ficará para sempre registrado na história do Tribunal de Justiça. “Tive a honra e o privilégio de ter atuado ao lado de pessoas que, certamente, tiveram influência direta em tudo aquilo que conquistei até hoje. Sinto muito orgulho da minha vida até aqui e dos meus serviços prestados ao Poder Judiciário. Se tivesse que retornar ao passado faria tudo de novo. Amo o que faço e, por isso, ainda não tive coragem de me aposentar”, finaliza orgulhoso.

        Ele relaciona uma lista de pessoas amigas, ex-chefes, ex-colegas, que faz questão de relembrar: “Lyrio do Prado, Waldemar Nascimento, Vitorio Rinaldi, Celeste Gonçalves, Alberto Peters, Paulo de Tarso da Rocha Lessa, Múcio Manoel da Silva Novaes, João Manoel da Silva Novaes, Euclides Martins, Eneas de Oliveira Martins, Augusto Nogueira de Almeida, João Luiz Martins Perez, José Bueno, Hélio de Lacerda, Hélio Martinez, Alcides Pessoas Lourenço, Walter Afonso, Levi Mário Celestino, Nelson Marquesi, Osvaldo Tomazetti, João do Vale Pogetti (Lolo), Rubens Martins e tantos outros que no momento, por falha da memória, deixo de falar.”

        Zago porssegue exercitando suas lembranças: “gostaria de citar aqui também alguns dos inúmeros magistrados com os quais tive a oportunidade de trabalhar entre 1957 e 2012, meus corregedores, dos quais cito os nomes de Aniceto Lopes Aliende, Dalmo do Vale Nogueira, Silvio Fernando Paes de Barros, José Fernandes Rama, Adalberto Denser de Sá, Luiz Elias Tâmbara, Reinaldo Antonio Vessani, José Miguel Nader, Paulo Dirceu Rossetti, Antonio José Machado Dias, Fernando Florido Marcondes e Antonio Roberto Sylla (atual diretor do fórum)”.

        Ele não se esquece também alguns advogados, os quais “fizeram parte da minha vida profissional”, tais como o Pedro Canci Filho, Daniel S. Yamashita, Rufino de Campos, Luciano de Souza Pinheiro, Stanley Zaina e tantos outros nomes.

        Zago lembra, ainda, daqueles que estão unidos na força diária sob sua coordenação. “Aqui um grupo de funcionários exemplares, dedicados e eficientes a quem representando o grupo, a oficial maior Cirlene do Valle Francisco Gomes que está no cartório há mais de 35 anos. “Divido todo o sucesso do cartório com esse grupo. Também quero deixar minha satisfação de ter muitos colegas de trabalho entre eles Warlei Lopes, Marlei Pasoti, Claudio Roberto Brambilla, Carlos Roberto Pereira da Silva e muitos outros.

 

        PS.: A história do servidor José Timóteo Zago é apenas uma gota do chamado 'oceano' Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que possui cerca de 50 mil funcionários entre servidores da ativa e aposentados. Muitos outros anônimos podem ser revelados e muitas histórias compartilhadas. Envie sua sugestão. Dificilmente, alguém - em toda historia do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - ultrapassará a marca de 55 anos de efetivo exercício no mesmo cartório.

        Esse texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro minuto do primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que – de alguma forma – realizam atividades que se destacam entre os servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que o diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados.

        Com o projeto “Jus_Social”, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo foi o ganhador do X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012, na categoria Endomarketing.

        NR1: No último dia de cada mês, o GACS publica notícia diferente do padrão técnico-jurídico-institucional.
         NR2: Participe. Envie sugestões de pauta sobre magistrados e servidores do Poder Judiciário para o e-mail da Comunicação Social.
 

        Comunicação TJSP – LV (texto) / DS (foto)

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