Penitenciária em Guarulhos realiza feira cultural pelo sexto ano

        São muitos os portões entre o mundo livre e os detentos da Penitenciária Dr. José Parada Neto, em Guarulhos. Os longos corredores transmitem, de imediato, a solidão dos cárceres e a dureza da disciplina carcerária. Porém, desde ontem (3) até o próximo dia 7, cores e formas predominam nos ambientes assépticos. Isso porque foi inaugurada, pelo sexto ano seguido, a Feira de Arte e Cultura, organizada pela administração do presídio e os reeducandos. O tema desta edição é “Diga Não ao Preconceito”.

        Cada vez mais detentos participam da feira cultural. Ao longo das galerias vêem-se painéis em papel, bijuterias, peças de artesanato, bichos de pelúcia e artes em tecido, que podem ser apreciadas por eles próprios e seus familiares. Também ontem, na inauguração da feira, houve apresentação da banda Estação Liberdade e de grupos de dança e capoeira e encenação da peça “Esperando Godot”, do irlandês Samuel Beckett, principal ícone do “teatro do absurdo”. Também foi feita uma homenagem ao agente penitenciário Juarez Benedito Ferreira Alves, assassinado a tiros em 4 de novembro último no Jardim Cocaia, próximo à sua casa.

        Após a entoação do Hino Nacional Brasileiro pelo coral formado por reeducandos, representantes do Poder Público e da sociedade civil fizeram breves discursos a respeito do significado do evento para os sentenciados. O professor, sociólogo e especialista em relações de trabalho José Pastore contou que comparecia à feira pela segunda vez. “Tenho animado empresários a contratar egressos do sistema prisional e apresento a eles os empreendedores que utilizam essa mão de obra importante e que têm obtiveram êxito com essa opção”, disse.

        Para o juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça, Jayme Garcia dos Santos Junior – efusivamente elogiado nos discursos por seu empenho na questão criminal –, o maior protagonista do trabalho de execução criminal não é o juiz, mas, sim, o profissional da administração penitenciária, pois é ele que humaniza o cárcere. “Conclamo-os para que não abandonem suas posições, apesar dos momentos difíceis, para que também possamos realizar inúmeras feiras culturais.”

        Não faltaram histórias surpreendentes dos anônimos que cumprem pena no presídio. Uma delas é a do gaúcho Fabiano de Jesus. Ex-militar, paramédico e especialista em artes marciais, ele cometeu um crime enquadrado como latrocínio. Toda essa formação adquirida está ajudando-o a preparar sua vida após o cárcere – em 2014 ele deverá sair do regime fechado e ingressar no semiaberto. “Tenho chances reais de trabalhar no ramo da segurança privada quando eu conseguir a liberdade”, afirmou.

        Também prestigiaram o evento o secretário de Estado da Administração Penitenciária, Lourival Gomes; a juíza da Vara de Execução Criminal de Guarulhos, Juliana Koga Guimarães; o diretor técnico da Penitenciária Dr. José Parada Neto, Emerson Rodrigues Sanches; a advogada criminalista Alexandra Lebelson Szafir; magistrados, integrantes do Ministério Público, estudantes de Direito e funcionários da penitenciária.

 

        Comunicação Social TJSP – MR (texto) / DS (fotos)
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