Situação de crianças e jovens nas cracolândias é tema de palestra no Fórum da Barra Funda

        O desembargador Antonio Carlos Malheiros, coordenador da  Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferiu, na tarde desta sexta-feira (28), palestra sobre o tema Infância e juventude em situação de risco nas cracolândias e direitos humanos. O evento aconteceu no Plenário 10 do Complexo Criminal  Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda.

        Ao iniciar sua exposição, Malheiros, que realiza trabalho voluntário em hospitais paulistas como contador de histórias para crianças e adolescentes, quebrou o protocolo e sentou-se no chão do palco, para ficar mais próximo dos presentes. Em sua apresentação, falou sobre as experiências vividas desde os tempos de estudante até os dias atuais, quando passou a frequentar a cracolândia, na região central da capital, para conhecer e ajudar os viciados do lugar. “Acho que o bom juiz é aquele que estudou muito os livros técnicos, mas principalmente, aquele que estudou o livro da vida. E este nós não vamos encontrar nas prateleiras das bibliotecas, mas na lama das favelas e no esgoto dos cortiços. Temos que sentir o gosto da lágrima das pessoas.”

        Durante o tempo de convivência com as pessoas que frequentam o local, o dsembargador Malheiros percebeu que a tarefa não seria fácil, diante da falta de estrutura social do Estado para atendê-los. “Às vezes me sentia sozinho, dentro de um pronto socorro lotado, fazendo um parto com a mão esquerda e massagem cardíaca com a direita. Mas não desanimei. Vencemos todos os preconceitos quando passamos a amar essas pessoas”, disse.

        Entre os emocionantes relatos de suas experiências, um deles tem especial significado. “Conheci um garoto viciado em cocaína que virou um trombadão. Na época, eu trabalhava como advogado e me aproximei dele, a tal ponto, que o chamei para trabalhar em meu escritório. Muitos me chamaram de maluco, mas, depois de muita luta e algumas recaídas, fomos recompensados. Hoje, ele é casado, tem três filhos, é professor de uma conceituada universidade e desenvolve um trabalho maravilhoso nas ruas.”

        Para o desembargador, o grande segredo para enfrentar o problema das drogas está na união de forças entre a sociedade civil e o Estado. “É necessário que o poder público cumpra o seu papel, pois, se isso não acontecer, vamos ter cada vez mais viciados e não conseguiremos dar conta. Mas precisamos também fazer a nossa parte, enquanto sociedade. Conto com vocês todos nessa missão. Eles estão completamente perdidos. Vamos encontrá-los”, concluiu.

 

        Comunicação Social TJSP – AM (texto) / GD (fotos)

        imprensatj@tjsp.jus.br

COMUNICAÇÃO SOCIAL

NotíciasTJSP

Cadastre-se e receba notícias do TJSP por e-mail



O Tribunal de Justiça de São Paulo utiliza cookies, armazenados apenas em caráter temporário, a fim de obter estatísticas para aprimorar a experiência do usuário. A navegação no portal implica concordância com esse procedimento, em linha com a Política de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais do TJSP