Por meio das artes plásticas o homem eterniza sua singularidade e também se distingui dos outros animais. O artista plástico é uma pessoa sensível que usa o desenho, a pintura ou a escultura para expressar seu deslumbramento diante do mundo. Ele enxerga ou assimila o cotidiano de uma forma diferente, por um outro viés e registra através de sua arte as impressões do que sua visão vai captando ou descortinando. Com habilidade manual e criatividade aliadas à imaginação utiliza-se de formas e cores para expressar suas idéias. No dia 8 de maio é comemorado o dia do artista plástico em homenagem ao pintor José Ferraz de Almeida Júnior que foi brutalmente assassinado. O processo crime do assassinato de “Almeida Júnior” faz parte do acervo e encontra-se em exposição no Museu do Tribunal de Justiça – Palacete Conde de Sarzedas. O pintor “ALMEIDA JÚNIOR” José Ferraz de Almeida Júnior nasceu em Itu – SP, no dia 8 de maio de 1850, filho de José Ferraz de Almeida e de Ana Cândida de Amaral Souza. Passou a infância estudando com os padres. Sua vocação para a pintura despontou muito cedo. Criança ainda, esboçava, com carvão, e nos mais diversos ângulos, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, da qual era sineiro e em cujo coro cantava. A sua arte precoce despertava a admiração dos adultos e, especialmente, dos pintores da região. Aos 19 anos, pintou um dos seus muitos quadros que se tornariam famosos: "Apóstolo São Paulo", quando o padre Miguel Correa Pacheco, entusiasmado com o trabalho, promoveu uma coleta de fundos para matriculá-lo na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, hoje Museu Nacional de Belas Artes. Foi aluno do desenhista Jules Lê Chevrel e do pintor Vitor Meireles. Recebeu, em 1871, o prêmio Medalha de Prata e Pequena Medalha de Ouro em Desenho Figurado e, no ano seguinte, a Medalha de Prata em Pintura Histórica. Ao encerrar o curso na Academia Imperial, foi laureado com a medalha de ouro pela tela "Ressurreição do Senhor". O prêmio era o de participar de um concurso de viagem à Europa. Por não mais conseguir manter-se no Rio de Janeiro, desistiu do concurso e retornou a Itu. Em 1875, durante a inauguração da Estrada de Ferro Mogiana, o Imperador Pedro II deslumbrou-se com um retrato a óleo do futuro Visconde de Parnaíba, Antônio Queiroz Teles. Quis conhecer o autor e, sabendo dos poucos recursos de Almeida Júnior, lhe ofereceu custear os estudos na Europa. O pintor recebeu das mãos da Princesa Isabel o dinheiro da passagem e uma bolsa de 300 francos mensais. Em 4 de novembro de 1876, embarca para a França, matricula-se na École de Beaux Arts de Paris, onde foi aluno de Alexandre Cabanel. Participou de Salões em Paris e Roma, ganhando notoriedade internacional. Retorna ao Brasil em 1882 e faz sua primeira mostra individual na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1883, abre seu ateliê na Rua da Glória, em São Paulo, quando seu primeiro trabalho é encomendado por Dona Veridiana Prado, abrindo-lhe definitivamente as portas da sociedade paulistana. Apaixonado por Maria Laura do Amaral Gurgel, sua antiga noiva, casada com José de Almeida Sampaio - primo do pintor - teve seus sentimentos correspondidos e a retratou várias vezes, nos traços de seus personagens femininos. Em 1891 e 1896 realizou novas viagens à Europa, a última em companhia de Pedro Alexandrino. No seu último período substituiu progressivamente os temas bíblicos pelas obras de temática regionalista em pinturas como Caipira Picando Fumo (1893), Amolação Interrompida (1894) e O Violeiro (1899), aproximando-se do cotidiano do homem do interior, numa abordagem pictórica naturalista, distanciando-se das fórmulas da pintura acadêmica. Faleceu em 13 de novembro de 1899, aos 49 anos, em frente ao Hotel Central de Piracicaba-SP. Almeida Júnior foi um ilustre pintor, desenhista brasileiro da segunda metade do século XIX e o primeiro artista plástico a retratar nas telas o homem do povo em seu cotidiano. Retratou a cultura caipira em contraste com a monumentalidade que predominava nas artes plásticas do Brasil. Paixão e morte trágica A grande paixão de Almeida Júnior foi Maria Laura do Amaral Gurgel. Mas ela se casara com um primo do pintor, José de Almeida Sampaio, fazendeiro em Rio das Pedras. A paixão explodiu entre os dois e Maria Laura teve um filho de Almeida Júnior. Sem saber da relação entre os dois, José Sampaio hospedou-se, em São Paulo, na casa do pintor onde, incidentalmente, descobre um pacote de cartas com a letra de Maria Laura. Eram cartas de amor. Era o dia 11 de novembro de 1899. Imediatamente, telegrafa para a esposa, pedindo que ela o esperasse, no dia 13 de novembro, à porta do Hotel Central, em Piracicaba, onde Almeida Júnior se hospedava habitualmente. José Sampaio viu às 14h30 do dia 13 de novembro, quando Maria Laura, os cinco filhos e a irmã chegavam ao hotel, mas escoltadas por Almeida Júnior. Eles desceram do coche, Almeida Júnior estava pagando o cocheiro -- um menino negro, de nome David - quando Sampaio se aproximou e lhe desferiu uma punhalada. O pintor tentou, ainda, sacar de sua faca de picar fumo, mas cambaleou e caiu na calçada do hotel, sendo atendido por Maria Laura, desesperada ao ver o amante ensanguentado. "Estou morto..." -- foram as últimas palavras do pintor. Morria às 15 horas daquele dia. Almeida Júnior está sepultado num mausoléu no Cemitério da Saudade em Piracicaba. José Sampaio foi absolvido pelos jurados que acolheram a tese da "legítima defesa da honra", defendido por seu advogado, o brilhante dr. Francisco Morato, que é reverenciado no Fórum de São Paulo.