Iniciativa do Judiciário viabiliza projeto de reinserção social pela gastronomia

        São muitos os portões entre o mundo livre e as reeducandas da Penitenciária Feminina da Capital (PFC). Celas e corredores transmitem a solidão dos cárceres e a dureza da disciplina carcerária, mas nas duas últimas semanas 32 mulheres experimentaram uma rotina diferente, capaz de modificar suas vidas.

        Por iniciativa da Corregedoria Geral da Justiça e com o apoio do Executivo e o Legislativo estaduais, elas tiveram aulas de gastronomia e foram capacitadas a trabalhar em cozinha comercial. A organização não governamental Gastromotiva e o Instituto ATÁ, cujo fundador é o chef Alex Atala, montaram o curso e ensinaram às detentas não apenas técnicas de como preparar saborosas comidas, mas também noções de cidadania e ética.

        Em singela cerimônia realizada hoje (7) no presídio, as sentenciadas e três funcionárias do local foram diplomadas. Prestigiaram a solenidade o governador Geraldo Alckmin; o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini; o deputado estadual Fernando Capez; o secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes; o juiz assessor da Corregedoria Jayme Garcia dos Santos Junior; a corregedora dos presídios femininos da capital, Nidea Rita Coltro Sorci; a presidente do Comitê de Ação Social e Cidadania (CASC) do Tribunal de Justiça, Maria Luiza de Freitas Nalini; Alex Atala; a diretora técnica da penitenciária, Ivete Barão de Azevedo Halásc; e a coordenadora do curso de capacitação em cozinha, Vera Almeida, entre outros convidados.

        Na ocasião, Atala contou que a ideia do projeto nasceu de uma conversa informal com o juiz Jayme Garcia há poucos anos. O que era uma mera intenção tomou corpo e ganhou apoio do Legislativo, que votou emenda possibilitando o custeio do curso, e do Governo estadual, que proporcionou as demais condições necessárias à concretização da empreitada. Um dos mais renomados cozinheiros do mundo, Atala encorajou suas alunas a seguirem suas vidas com ânimo. “Se vocês saírem daqui com baixa autoestima, serão encaradas dessa forma pelas pessoas. O sucesso mora no trabalho de cada um de nós e nos olhos dos que nos enxergam.”

        Renato Nalini cumprimentou os presentes e teceu elogios ao projeto. “O êxito de todas vocês dependerá de como mostrarão o conhecimento adquirido fora daqui”, afirmou. Geraldo Alckmin manifestou o desejo de tornar o curso algo permanente. “Falta mão de obra em gastronomia. Vamos trabalhar para formar novas turmas”, disse. David Hertz, fundador da Gastromotiva, declarou que o objetivo final é promover transformação social: “Vocês são parte de um projeto de gastronomia que gera mudança de vida”. Fernando Capez parabenizou todos os envolvidos. “Tudo começou com o Judiciário. David e Alex deram suporte ao projeto com suas mentes brilhantes”, falou. Ao final, Ana Lúcia, uma das alunas do curso, resumiu com felicidade sua experiência: “O importante não é fazer o que todo mundo faz, mas fazer melhor e diferente”. Os presentes também puderam degustar um prato preparado pelas reeducandas – arroz branco e escondidinho de carne seca.

        Na última segunda-feira (4), o corregedor-geral da Justiça, Hamilton Elliot Akel, prestigiou aula ministrada por Alex Atala na penitenciária. Acompanhado dos juízes assessores Jayme Garcia e Regis de Castilho Barbosa Filho, ele conheceu de perto o projeto e se encantou com a ideia de promover reinserção social por meio da gastronomia. "Estou muito bem impressionado. A Corregedoria está à disposição desta e de novas iniciativas”, declarou.

         Curso – A parceria entre Gastromotiva e Instituto ATÁ formou a segunda turma de alunas na Penitenciária Feminina da Capital. Com duração de duas semanas, elas receberam noções básicas de culinária, postura profissional, ética nas relações interpessoais e cidadania. Em 2013, 30 sentenciadas da PFC foram diplomadas na primeira turma do curso. O critério de seleção para cursar as aulas é falar português e ter direito ao beneficiamento da pena, como o semiaberto. A progressão de regime é condição para que as interessadas possam complementar o conhecimento adquirido na penitenciária com outro curso, promovido pela Gastromotiva em uma universidade particular da capital.

 

        Comunicação Social TJSP – MR (texto) / AC (fotos)
        
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