InspirAÇÕES: Oficial de Justiça usa férias para ajudar população do Rio Grande do Sul

Uma semana de apoio às vítimas das enchentes. 
 
Ivana Cristina de Quintal Custódio é oficial de justiça no Tribunal de Justiça de São Paulo. Neste ano, renunciou ao descanso no período de férias para se voluntariar no apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. 
“Estava em casa assistindo ao noticiário quando tomei conhecimento da tragédia que atingia o estado. Vendo a situação, decidi usar minhas férias para ajudar de alguma forma”, lembra. No início, Ivana teve dificuldade em encontrar uma forma de chegar ao Rio Grande do Sul. “Não encontrava jeito de viajar, já que o aeroporto estava alagado e os ônibus não estavam fazendo o trajeto até lá. Acabei conseguindo transporte até a cidade de Gravataí, próxima da capital gaúcha”, explica. 
Em contato com entidades humanitárias, decidiu ficar na cidade de Canoas, uma das mais afetadas pelas enchentes. “Fiz cadastro no site de uma escola de gastronomia que estava cedendo seu espaço para a preparação de marmitas aos desabrigados. Também entrei em contato com uma universidade, pois sabia que estavam acolhendo animais resgatados.” 
Na primeira noite, ela ficou num abrigo em Gravataí. Em seguida, a servidora conseguiu carona até Canoas e logo começou a preparar marmitas. “Foi muito bonito ver chefs de cozinha doando seu trabalho para ajudar. No meu último dia lá foram 12 mil marmitas”, conta. 
Ao final de cada dia, Ivana voltava ao abrigo onde estava instalada e dormia com cerca de 6 mil desabrigados. “Tinha banho quente, marmitex e roupas doadas do Brasil inteiro. As pessoas ainda estavam processando as perdas, muitas delas desorientadas e com uma tristeza impossível de colocar em palavras”, destaca a oficial de justiça, que optou por dormir no local justamente para poder conversar com as vítimas e prestar outro tipo de apoio, a escuta. “Fui com o objetivo de servir, de me doar.” 
No local onde estava abrigada, pôde conversar com muita gente. “É tudo muito triste, mas quem está oferecendo ajuda não pode se desequilibrar emocionalmente”, salienta. Além do preparo das marmitas, Ivana também ajudou no resgate de animais. Ela contribuía com a limpeza das baias, alimentação e transporte ao veterinário, quando necessário.  
“Os resgates foram difíceis, pois a água subiu muito rápido e eles tentaram se proteger em cima de telhados, armários e lugares que nem imaginávamos encontrá-los”, conta. Por outro lado, ela lembra que era uma grande festa cada vez que um dos tutores chegava para buscar seu pet. “Todos ficavam muito felizes.” 
Para Ivana, a experiência como oficial de Justiça contribuiu em sua missão no Rio Grande do Sul. “Nossa função não se resume a entregar mandados e cumprir ordens judiciais. Ouvimos pessoas e damos atenção, já que estar em contato com o outro te expõe às dificuldades, sentimentos, angústias e medos”, explica a servidora, que já trabalhou como voluntária em outras situações.  “Quando nos damos a chance de sair dessa bolha, tudo se amplia. Você se põe no lugar do outro, compartilha o sentimento alheio, e aí vem força, coragem, vontade de dar o melhor de si”, finaliza.  
 
Comunicação Social TJSP – GC (texto) / Divulgação (fotos)  
 
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