Filósofo colombiano faz palestra no TJSP

     O Tribunal de Justiça promoveu ontem (29/11) um evento incomum e, portanto, inédito, com a palestra do filósofo colombiano José Bernardo Toro para uma platéia de juízes, servidores e advogados, no Salão Nobre Ministro Costa Manso, no Palácio da Justiça, centro de São Paulo.
     Jose Bernardo Toro é decano acadêmico da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Javeriana de Bogotá, Colômbia e mestre em Investigação e Tecnologias Educativas, com estudos de graduação em Filosofia, Física e Matemática. Por mais de 30 anos foi assessor e consultor de Educação, Comunicação e Mobilização Social em vários países da América Latina, quando trabalhou na reforma educacional no estado de Minas Gerais e na do Chile. Presidiu o Conselho Diretivo do Centro Colombiano de Responsabilidade Empresarial e a Confederação Colombiana de ONGs.
     Em sua apresentação no TJSP, ele abordou o que chama de “uma nova consciência”, baseada na ética como instrumento de construção da dignidade humana. Autor de vários livros, Toro vem dedicando sua obra a desafiar os países latino-americanos a agir em busca de uma sociedade mais justa e democrática, baseada no sujeito cidadão, fonte de criação de ordem social. Para ele, esta é a condição para a sobrevivência no século XXI. 
     Para o estudioso, esta nova consciência busca dar sentido à vida e ao mundo a partir da ética. “Para que um Tribunal, para que um governo, para que o Estado, a sociedade, os esportes, o conhecimento, a ciência e a tecnologia, enfim, para que qualquer coisa que façamos se não for em nome da felicidade humana e de uma vida digna?”, questionou-se o filósofo.
     Ao falar sobre a educação como instrumento de evolução de uma sociedade, Toro foi contundente. “A mudança não se faz somente com a educação, mas não há mudança sem ela”. Para ele, não existe educação pública no Brasil, mas apenas estatal. “No dia que os filhos de um diretor de uma grande empresa estudarem na mesma escola dos filhos de sua empregada doméstica, aí sim poderemos chamar isto de educação pública”, asseverou.
     A palestra instigou a platéia, pouco acostumada a reflexões filosóficas e sociológicas de seu cotidiano profissional, tomado por carimbos, processos, livros de carga e embargos declaratórios, por exemplo. Ao longo de pouco mais de uma hora, o filósofo proporcionou aos presentes um fim de tarde, no mínimo, diferente. Provocador e ao mesmo tempo com uma fala mansa, Toro abordou temas como o conceito de Estado, as instituições públicas e privadas, o chamado Terceiro Setor, procurando costurar a atuação de todos estes setores de forma articulada, sempre em busca do objetivo maior – a dignidade humana.
     “A base da unidade de uma Nação é a forma como se concebe a justiça”, ou “Governabilidade é a capacidade dar ordens a si mesma”, foram algumas das máximas que ele lançou à platéia para reflexão. Segundo disse, instituições públicas que não nascem no âmago da sociedade civil, caso da América Latina, são pouco compreendidas pelos povos.      

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