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Dona Joana faz parte da história do TJSP

        “Mais uma etapa cumprida! Hoje todos que passaram pela tua vida têm na mente um ensinamento... Não importa qual, todos saberão que cada passo dado será das pegadas que a senhora nos deixou! Obrigado por tudo!”. Estas foram palavras de despedida de funcionários que trabalharam com Joana Aparecida Garcia da Silva, servidora que aposentou em abril de 2009.

        Muitas pessoas passaram pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e deixaram seu nome registrado em documentos que levaram Justiça aos cidadãos. Muitos são os que têm deixado – e deixam – sua marca registrada no maior Tribunal de Justiça do mundo e, assim, fazem parte da história. Não importa em qual setor do Judiciário se encontra nem mesmo em qual cidade, comarca ou circunscrição: o que importa é que cada servidor ou magistrado faz parte dessa família forense.

        No mês em que se comemora o Dia do Funcionário Público, no texto do último dia de outubro (aquele texto em procuramos fugir dos assuntos técnicos e jurídicos) - e aqui registramos a homenagem a todos os servidores do Poder Judiciário paulista -, falaremos de dona Joana, como todos a chamam. Ela passou 32 anos se dedicando ao setor de distribuição do Tribunal de Justiça, 27 deles foram no Fórum João Mendes Júnior e cinco no Hely Lopes Meirelles (Fazenda Pública). Também no serviço público, trabalhou mais treze anos na Secretaria da Fazenda. Outros tantos foram em empresas privadas.

        Judiciário – Sua posse no TJSP foi em outubro de 1977. Ela disse que não queria que seus colegas soubessem que ingressaria no Tribunal. Pediu ao Valdir (seu chefe na Secretaria da Fazenda) que quando lesse sua nomeação no Diário Oficial não contasse pra ninguém. Um belo dia, ela chega e encontra um bilhetinho no seu cartão... “Parabéns!”. Deixado por quem? Pelo próprio Valdir. Os outros colegas só tomaram conhecimento da mudança de cargo quando já tinha iniciado suas atividades forenses. De que forma? A própria, que antes nada quis contar, fez uma bela festa e anunciou a sua saída setor.

        Joana nasceu em Tanabi, interior de São Paulo. Por lá ficou apenas até os dois anos e seus pais se mudaram para Marialva (PR). Aos nove anos voltou a terras paulistas na cidade de Votuporanga. Em 1961, a família veio para a capital.

        Conversar com dona Joana é uma festa! Depois de tantos anos de Tribunal, são inúmeras as recordações e relatos. Ela lembrou, por exemplo, da passarela com rampas, doadas pela comunidade japonesa, que ligava o fórum João Mendes ao Palácio da Justiça, passando sobre duas avenidas; uma localizava-se onde hoje é a Praça João Mendes e a outra é a que atualmente separa a praça da rua XI de Agosto. Contou também sobre a chegada da ‘era digital’ e de seu primeiro contato com um computador no TJSP. Da conquista do uso de calça comprida pelas mulheres nas dependências do fórum. “Cheguei a ver mulheres serem barradas na entrada do fórum porque estavam de calças”, relembra.

        Dona Joana tem um velho caderninho em que anota todos os aniversários das pessoas com quem trabalhava. “É o meu livro de cabeceira! Abro todo dia cedo e vejo quem está fazendo aniversário naquela data; todos, todos mesmo!” Ela folheia as páginas e fala do paradeiro de cada pessoa. Dona Joana também tem sua agenda mágica, antiga – mas que tem tudo que se possa imaginar – até as datas de início do sistema informatizado em seu setor.

        Segundo ela, quando começou no TJSP o setor de distribuição era chamado de ‘Distribuidor e Partidor’, separados em cível, família e execução fiscal. Em 1984 foi unificado e virou o Depri (Departamento Técnico de Primeira Instância). Somente na década atual é que se tornou Secretaria de Primeira Instância. A servidora rememora como eram os procedimentos desde a entrada do pedido à entrega no cartório. “Entrava a petição inicial, você datilografava uma ficha e batia o carimbo de distribuição (data e número do processo), depois levava ao 22 (referindo-se ao 22º andar do Fórum João Mendes Jr.) onde o juiz corregedor fazia o sorteio utilizando um ‘globo de bingo’ e era anotado na ficha a vara sorteada. Ah! antigamente, eu nem era nascida ainda, a denominação das varas era ‘cartório da provedoria e órfãos’, depois que virou vara cível e família”, ensina.

        Diz ela que as certidões também eram feitas de forma manual. As varas distritais (hoje, denominadas fóruns regionais) mandavam diariamente fichas com o registro de processos, que eram disponibilizadas nos arquivos para a consulta. Eram 110 arquivos, separados por ordem alfabética.

        Fatos curiosos também foram presenciados por Dona Joana. Ela fala na década de 80 havia no Fórum João Mendes uma ‘senhorinha’ que ficava sentada todo dia na frente da porta do cartório onde havia trabalhado. “Teve outro um ‘causo’ engraçado que me aconteceu... não sou vidente, não (risos). Um advogado foi ao cartório e não encontrou o processo. Disseram para ele que o processo estava no distribuidor. Eu afirmei que tinha mandado ao cartório, mas eles não encontraram. Quando o advogado veio falar novamente comigo eu, além de reafirmar que tinha enviado, de repente, não sei o porquê fechei os olhos (e dá umas boas gargalhadas), coloquei as mãos neles e falei: “doutor, procura a escrivã do cartório e diga que o seu processo está perto da janela, em tal lugar... não é que o processo estava no local que indiquei! Foi a maior gozação, todos começaram a falar que eu era vidente. Não é que o advogado até me mandou flores pela minha vidência! (solta nova gargalhada)”.

        Dona Joana foi também voluntária no Juizado de Menores. Todos os sábados, lá estava ela na Rodoviária da Barra Funda dando seu apoio. Em outras ocasiões era convocada para verificar a presença de menores em casas noturnas, motéis, shows e demais eventos.

        Foram poucas as suas peripécias na vida forense? Tem mais uma curiosidade sobre a dona Joana. Ela tem uma árvore, plantada em parceria com o Valtinho, atualmente oficial de Justiça em Ilhabela. A árvore fica no Largo Sete de Setembro, ao lado do Fórum João Mendes. “Os funcionários da prefeitura estavam fazendo a praça e eu e meu amigo Valtinho fomos plantar a árvore, mesmo ouvindo deles que não podíamos fazer isso”, conta sorridente.

        Despedida – Depois de tanto tempo de trabalho, na falta de uma, ela teve duas festas de ‘bota-fora’: a primeira em seu último posto de trabalho com funcionários de vários setores e outra, grande despedida, foi em uma churrascaria com seus familiares e os servidores do TJSP. As duas foram surpresas. “Foi a maior festa, teve um telão que passou toda a minha vida. Tinha fotos com a família, com o pessoal no fórum e em passeios”, relembra feliz.

        Entretanto, a aposentadoria compulsória não a afastou do Tribunal de Justiça: ela tem a carteirinha de conciliadora desde 2009 e já fez inúmeras conciliações no Juizado Especial Cível do Fórum Central (Vergueiro). Atualmente dá apoio no setor de distribuição, cadastrando e anotando extinção do processo dos anexos do juizado central. “Trabalhar no TJSP para mim foi a melhor coisa da vida. Sabe que ainda sonho com o serviço que tenho que fazer no dia seguinte?” A minha vida é o TJSP.



        Mensagem –
“Agradeço a todos com quem trabalhei ao longo desses anos, servidores, juízes e advogados. Todos formam uma equipe, pois uma andorinha só não faz verão. Cada dia que passa se aprende algo de novo. Tem que ser líder e ter uma boa equipe, caso contrário o serviço não caminha. A gente faz 70 anos é e esquecida. O Sarney está com mais de 80 anos e está no Senado. Eles podem e nós não. Sabe que até revolta ter que sair aos 70 anos? Estamos ainda na idade produtiva! Os servidores têm que atender o público bem humorado, com educação. Não pode trazer problemas de casa e nem levar os do trabalho. Temos que atender bem não importa a quem”, conclui Joana Aparecida Garcia da Silva.

        NR1: No último dia de cada mês, o GACS publica notícia diferente do padrão técnico-jurídico-institucional.

      NR2: Participe. Envie sugestões de pauta sobre magistrados e servidores do Poder Judiciário para o e-mail da Comunicação Social.

     NR3: A sugestão desta reportagem foi feita pela servidora Cássia Rosa de Santana, do Distribuidor e Protocolo da Fazenda Pública e Acidentes do Trabalho. 
    

       Comunicação Social TJSP – LV (texto e fotos)

        Imprensatj@tjsp.jus.br


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